15 de fev. de 2016

AS ESTRELAS

dizer "sim". sei que pode parecer cafona citar a Clarice. não é, sabe. as pessoas é que fizeram com que fosse cafona citar a Clarice. no começo de “a hora da estrela” ela disse que o mundo se formou porque uma estrela disse “sim” para outra, daí causou-se uma grande catástrofe que resultou em algo tão fantástico como esse planeta, ou este mundo. dizer "sim".

cafona é você. o começo de “a hora da estrela” é um dos melhores começos de livro que li na vida. aliás, “a hora da estrela” é um dos melhores livros que li na vida. você leu obrigado para o vestibular? achou chato? não se emocionou? então você não tem coração. cafona é você.

bem, o que eu ia dizer sobre dizer “sim” na verdade, é uma conclusão (sempre acho melhor dizer “conclusão” do que dizer “tese” ou “teoria”, pois ainda me confundo ao identificar o que é tese e o que é teoria): sobre a minha relação com o mundo; tudo o que é preciso ser feito para algo extraordinário acontecer na minha vida, é eu dizer “sim” para o mundo e o mundo dizer “sim” para mim. honestamente, eu não sei dizer se o mundo já disse “sim” para mim, mas eu com certeza ainda não disse “sim” para o mundo.

o mundo, eu quero dizer. não a vida. sim, na minha cabeça são duas coisas diferentes. eu tenho quase certeza de que a vida é uma mulher. e eu acho que o mundo é um homem. talvez seja mais fácil, mais fácil o mundo dizer sim para mim. e eu também acho que, talvez, o mundo seja bom. a vida é má, tenho quase certeza. porém, contudo, se haver esse “sim”, esse esperado “sim”, algo extraordinário aconteça. esse “algo” extraordinário pode até ser algo que eu tenho perseguido há trinta anos, e que parece cada dia mais impossível: eu aceitar a vida.

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repita para você mesmo: você não é a kelly key cantando a música da rosana (google it) e você não é a Catherine Deneuve passando roupas com o fio do ferro fora da tomada em “repulsion” (google it either).
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sei que estamos no zimbabwe ocidental e não na américa, mas é impossível não se lembrar que é valentine’s day. embora eu esteja mais calmo, bem mais calmo por voltar a tomar xanax para tolerar melhor a vida, eu achei melhor vir para casa antes de terminar de ver o filme “brooklin” que está em cartaz no cinema. eu devia ter escolhido “joy” ou “a garota dinamarquesa”. “brooklin” é apenas divertido e a garota protagonista desenvolve uma história de amor tão bonitinha com um bofe tão bonitinho que não me contive de inveja. bem, na verdade não é bem isso. a verdade é que passaram por mim vários flashbacks da minha relação com homens no que diz respeito a relacionamentos amorosos. tive trabalho ao escrever “relacionamentos amorosos” ao invés de “sexo”,  pois eu não sei mais o que é um relacionamento amoroso há muito tempo. e é sempre o meu problema de dizer “sim” a mim mesmo antes de me oferecer a outro homem e dizer “sim” para ele, e esperar e acreditar que ele também diga “sim” para mim. primeiro é o corpo. três meses atrás, com o corpo perfeito, em pleno treino, com a pele perfeita, eu não me achava apto a ter um relacionamento com ninguém por causa da minha cicatriz nas costas, que nem se vê, que nem é o fim do mundo. e agora então que estou fora de forma e com acne? sei que já estou recuperando a forma e a acne já está melhorando, mas nessa exata condição, eu posso já ter a exata vertigem de outra certeza que eu já havia comentado por aqui, no réveillon: o corpo não é seu, você apenas o está usando, e você tem de devolver no fim da vida. nesse exato momento, eu tenho a sensação de que já devolvi o corpo.

conclusão: eu preciso voltar a conhecer o nome do homem antes de conhecer seu pênis. estou com saudades de conhecer primeiro o nome do homem, para depois conhecer seu pênis. ok ok, mas só depois que eu estiver em forma. só depois que a acne sumir totalmente.

XOXO

8 de fev. de 2016

A CRUZ DE ESCADINHA

tudo o que eu pretendia escrever era triste. putz, não dá pra se manter triste quando se coloca o “vanishing point” do primal scream para tocar, não? saco. melhor desligar por enquanto e ouvir apenas vozes. vozes feias na varanda. uma tristeza.



a cruz de escadinha:

você já viu o vídeo de “heart shaped box” do nirvana? pois bem, então entenderá a metáfora, ou o paralelo (a metáfora do vídeo, o meu paralelo, quero dizer): quinta-feira, lá estava eu subindo na cruz de escadinha, isso para alcançar melhor os ombros da cruz, eu já todo velhinho e enrugado. saco... o problema é que ainda estou jovem e ainda não posso dar a desculpa da velhice para subir na cruz de escadinha, o que acaba com a metáfora do vídeo. bem, mas aí vem a minha metáfora e o meu paralelo: subir na cruz de escadinha é a própria imagem ou da covardia ou do cansaço (explicarei), ou do medo da dor que impede muitos de nós de abreviar a vida. quinta-feira foi demais, sabe? difícil, difícil tolerar a própria imagem. “vou embora, não estou bem” ‘você precisa de alguma coisa?’ “uma pele nova”. bem, também seria bom não passar nove horas por dia cercado por pessoas burras que me detestam e é isso que causa mazelas como o sobrepeso e algumas espinhas. é capaz que seja o trabalho, a macumba mas se: não acredito no senhor jesus, que é apenas uma imagem, nem no diabo por tabela, por que eu acreditaria em entidades e trabalhos? além do olho gordo. é melhor você ficar quieto por um bom tempo e perceber que o problema não consiste nas pessoas burras e sim em você, que está demonstrando um comportamento pouco maduro, incompatível para um homem da sua idade e ok ok, vamos para a cruz de escadinha de novo: frase que se considere: ‘ninguém tenta se matar; quem quer se matar, se mata’ justo. justíssimo. porém todas as formas infalíveis de se matar envolvem a dor. mas a vida já não é uma dor do caralho? por que ter medo de uma última dor e que será bem rápida e que sanará todas as dores da vida? primeiro porque estou morta de cansaço. você nem imagina o esforço que eu fiz para me mover do escritório até a minha casa. nem banho eu consegui tomar, quiçá procurar um prédio para me jogar de cima. ainda tive que dormir no chão do banheiro para não ter de aguentar a chata da minha gata em cima de mim. cortar o pulso dói. cortar a garganta dói. além do mais não tem nenhuma faca boa nessa casa. pensei em ir ao hospital psiquiátrico pedir uma ajuda, mas se eu tivesse forças para ir até lá, eu me jogaria do prédio, que é mais perto. então achei melhor ficar deitado no chão do banheiro mesmo. bem, subir na cruz de escadinha significa em súmula, o medo da dor e a futilidade. parece fútil querer tanto morrer e não enfrentar a dor, parece fútil marinar o pulso com xilocaína antes de corta-lo como luís no livro “eis o mundo de fora” da adrienne myrtes. pois bem, esse foi um breve relato de um dia na vida de uma pessoa depressiva, uma utilidade pública aos pouquíssimos leitores desse blog.

o pênis:

bem, se me pedissem para escrever sobre o pênis, a percepção do pênis pela sociedade e a minha percepção sobre o pênis, eu diria que; bem, imaginando uma clássica imagem de estupro coletivo que habita o imaginário de boa parte da população, é possível perceber que não é a violência, não é o pênis, nem os pênis que constrói toda a magia da situação, mas a beleza. só ela e sempre ela. o pênis, ou os pênis; bem, são uma proporção, apenas, a beleza do pênis ou dos pênis, e o tamanho. o que você escolheria? um belo homem com um lamentável pênis ou um homem feio com um belo pênis? claro que o ideal seria um belo homem com um belo pênis, mas como se daria a proporção da importância entre a beleza do homem e a beleza do pênis? eu, por eu mesmo, ainda prefiro a beleza do homem sobre a beleza do pênis, visto que um pênis é apenas um pênis mas. claro, um belo homem que tivesse por acaso um belo pênis seria mais agradável que tolerar um lamentável pênis e aff... quanto pênis, meu deus. e também não, a população não pode explicar ao terapeuta, eu não posso explicar ao terapeuta que o estupro coletivo, veja bem, não é bem o estupro coletivo visto que estupro consiste em penetração, na verdade é apenas uma situação de opressão e violência, uma violência onde não haja a penetração visto que bem, não lido muito bem com a ideia da penetração ultimamente e bem, essa violência toda que tem tomado muito do meu imaginário e me faz perder a hora de acordar, ou me atrasar para dormir, é utópica além de tola, pois somos diferentes, sim, somos muitos diferentes: eu e os opressores. e assim seria melhor, será melhor que essa violência de fato nunca aconteça pois assim, as minhas perninhas vão continuar se recuperando bem, a minha capa de gordura não terá o trabalho de amortecer tanto impacto. obrigado.

o rabo do olho:

é por ele que você percebe a verdade. uma pessoa que tem nojo de você e outra que te acha o maior imbecil. ambos lhe tratavam muito bem, até; com sorrisões. tratavam, pois depois que percebi a realidade pelo rabo do olho, quero que vocês dois se fodam. e eu? será que eu também faço isso com os outros? será essa uma tendência do ser humano? dar sorrisões quando se pretende manter em segredo que você tem nojo ou acha alguém o maior imbecil? deixe-me pensar... não, eu sou bem transparente, não dou sorrisões nem pra quem eu gosto e isso é outro problema.

o poema:

o poema não foi feito para ser lido, foi feito só para existir. quando você estiver bebendo, não utilize a internet; seja em aplicativos ou no facebook ou whatever. aliás, não beba. se mesmo assim você quiser ler o meu poema, o que eu duvido muito, ele está neste link:


XOXO